sábado, 15 de novembro de 2008

A Chegada

Aeroporto Internacional do Fim do Mundo. É madrugada. Já se pode ouvir o murmúrio das pessoas se enfileirando nos balcões da Imigração. Alguns instantes após, carrinhos de bagagem já se posicionam em frente à esteira, fazendo um ruído que lembra a inauguração de um supermercado.

Vestidos em uniformes que combinam preto com tons escarlate, sorrisos devidamente montados no rosto, funcionários do Free Shop aguardam por uns passageiros abastados, outros nem tanto, mas todos eles fatigados pelo vôo. Porém, mesmo todas as extenuantes horas de viagem enfrentadas não conseguiram lhes tirar a ânsia por boas compras, numa das raras ocasiões em que lhes são perdoados os impostos, dentro de uma modesta cota.

A ânsia dos funcionários, porém, é outra: Que as compras se dêem o mais brevemente possível, o que nem sempre acontece.

Na Alfândega do Fim do Mundo, aguardamos por todos eles. Cada um tem uma história de vida, e muitos deles estariam dispostos a contá-la toda ali. Não fora a falta de tempo, inimiga de tudo o que é bom, teria o maior prazer em anotá-las todas, reunindo material para talvez redigir um livro.

Algumas dessas histórias são de operários, que viviam ilegalmente no exterior, e que vieram fugidos da crise internacional. Famílias inteiras abandonaram o sonho americano, europeu. De volta à casa, alimentam outro sonho. O de novamente serem felizes, junto aos parentes e amigos que deixaram aqui.

2 comentários :

Mari Amorim disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
joeldo disse...

Obrigado Mari, pelo elogio e apoio.
Já estou dobrando o terceiro plantão, só saio amanhã à noite.
Beijos
Joeldo